28 mar 2012

O que significa um aniversário?


Como alguns sabem hoje, 27 de março, é o meu aniversário. Adoro comemorar! Talvez por ser a única filha, durante mais de 18 anos e também a única neta pelo lado paterno, desde que me lembro com nariz - e não é pouco tempo... - o meu aniversário sempre foi comemorado!

Minhas lembranças mais remotas voam e mudam de país, mas sempre há balões, chapeuzinhos, e principalmente, bolo com velinhas, acompanhando essas viagens! E claro, pessoas queridas me rodeando, mãe, pai, avós, primos, amigos grandes e pequenos, o carinho solto no ar, as canções tradicionais, os presentes, as brincadeiras, os puxões de orelha (o que reconheçamos, podia me deixar com um ar de índio “orejón” !), e muita boa energia solta no ar!

Talvez algumas pessoas se perguntem, por que comemorar o aniversário? Por que celebrar uma data que no fundo, só tem mesmo importância, e relativa, para cada um?

Primeiro foram os pais, a família, as raízes e o tronco. De mais velha, eu era o tronco, e já estava acostumada com o festerê!

Talvez porque tenha virado um hábito, um hábito alegre, pleno de significado e emoção; porque a passagem do tempo nos ensina rapidinho que “não temos a vida assegurada” e a porta de saída está sempre aberta.

Talvez porque goste de me sentir especial, ao menos um dia por ano; talvez porque goste de festa mesmo (isso deve fazer parte do meu lado chileno), adoro receber amigos, abraços, lembranças, presentes (e porque não gostar?), fazer comidinhas para corresponder a esse afeto, arrumar a casa, dispor o ambiente para a celebração da vida!

Podem achar que é só vaidade, egocentrismo, coisa de filha única. Até pode ser, mas conheço várias pessoas que não curtem tudo isso, e francamente, acho bem mais egoísta, porque é necessário aprender - entre muitas outras coisas na vida - a receber afeto e a ser feliz com isso! 
Sempre achei que receber é bastante mais difícil do que dar ou demonstrar carinho! Talvez porque dar nos faça sentir bons, generosos, amáveis...

Fazer anos, completar um ciclo, é um ótimo momento para fazer uma pequena pausa na corrida maluca, e pensar naquilo que foi feito até esse instante, naquilo com que ainda se sonha, se é que ainda se sonha. Bom momento para abraçar a si mesmo e ser condescendente por um dia, se perdoar dos erros cometidos, uma e outra vez, e acreditar que naquele dia pode começar tudo de novo e será possível acertar... e errar de novo, e tantas vezes quanto for necessário!

Nasci ao sul do mundo, em março, início do outono (minha estação preferida!), sob o signo de Áries, apressada, inquieta, impaciente, brigona, franca até o exagero (enfim minimizado pelos anos...), mas também amiga dos amigos, mão aberta e solidária, sempre disponível para quem também se mostrar assim, pouco apegada ao material (embora adore gastar!), e um ouvido atento para quem precisar.

Por que seria vaidade celebrar mais um ano, um dia, um momento raro, mesmo que repetido ano a ano?

Uma oportunidade a mais para colocar para fora meu afeto, algum talento, o amor pela vida? Por que não comemorar o aniversário? Sentir que, se você foi aquilo que acredita ser, o mundo (e certamente as pessoas!) se encarregará de confirmá-lo através do seu carinho, da forma que for, com mensagens, um bolinho, cumprimentos, telefonemas, bons desejos, abraços, e amor, fundamental amor, que se materializa e permite que nos sintamos nascendo a cada aniversário!

E hoje é mais do que especial porque celebrarei meus 64 (uau, como cheguei a tanto?), junto com a minha neta que celebra os seus 4 – passado e futuro se encontrando no baralho da fortuna - e uma turma de pequerruchos que alegrarão minha tarde e me permitirão exercer plenamente a minha humanidade!

E como diria meu querido Polaco da Barreirinha (Antonio Thadeu Wojciechowski) num poema com que me presenteou hoje:

(...) feliz daquele que puder
olhar para trás
e rever as maravilhas
dos seus melhores momentos
em câmera lenta

Lota Moncada
Porto Alegre, 27 de março de 2012.

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