29 sept 2012

Pretendo um poema - Lota Moncada (setembro, 2012)



Às vezes pretendo um poema.

Um bem pequeno, suave,
um poema diurno, solar,
que translúcido e sem medo
mostrasse a miúda aquarela
que ainda resta.

Pretendo, às vezes, variar.

Escrever sem palavras,
dizer sem falas, ser lida no olhar,
sem esforço nem nariz franzido,
ar desenxabido de quem não viu,
não sentiu, mas não gosta.

Ai, quem me dera, pretender pirueta.

Não ficar à espera de esquecer o lastro,
sem sobressalto escancarar o flanco,
jogar a âncora fora, navegar singela,
e já sem terra à vista - e só então -
pretender um poema.

Um pequeno, um doce, um claro poema.

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