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Dia destes, para ser exata há dois dias, fui cortar o cabelo. Enquanto esperava, mesmo com hora marcada a gente não pode pretender que o profissional esteja à disposição no horário exato, resolvi ler uma revista.
Nos salões, consultórios e outros lugares menos divertidos, costumam pulular as revistas antigas ou as de "variedades" (leia-se ricos e famosos, ou uma das duas coisas, ou ainda "amigos de amigos"...).
Mas tive sorte. Ou quase, já que não sou grande fã da dita cuja - alguns motivos ideológicos me impedem - a primeira da pilha ao meu lado era uma revista Veja com uma sugestiva capa, e pasmem, com data de 23 de novembro de 2011!
Tema deveras interessante (para mim pelo menos!) já que o conceito de "normalidade" flexível e discutível, ainda mais nestes nossos tempos de inverossímeis pressa e instabilidade, não é o que me parece mais adequado.
Talvez "normótico", i.e. "neurótico normal"...
Bem, mas o tempo de espera não seria tão longo como para entrar em temas escabrosos... Eu poderia terminar trocando a minha mudança de visual (parte da terapia da "normótica" aqui...) por uma tão bela quanto inútil digressão!
Resolvi apelar para a leitura dinâmica. Ou seja, folhear mais ou menos rápido a multidão de anúncios comerciais de página inteira, nos quais a revista é campeã, e me deter, muito de leve nas manchetes dos artigos, passando diligentemente à próxima página.
Isso foi assim durante alguns minutos, até chegar à página 28.
Ali estava um artigo da Lya Luft (sou fã de carteirinha!) cujo título "A dama que palita os dentes" espicaçou a minha curiosidade!
Tenho andado pensando muito no tema. Motivos pessoais, a passagem do tempo, as dificuldades do mundo, as próprias...
Mas não pretendo tomar o lugar da protagonista, só compartilhar com vocês um dos melhores artigos que tenho lido nos muitos últimos anos!
Deixo aqui duas pistas, um trecho pequeno, como para estimular a curiosidade ou o debate se quiserem, e o artigo inteiro.
"Quando penso na morte, não é só como a sombra da separação, mas como esse enigma que nos espia no fundo de um espelho onde, se sorrimos, nosso reflexo pode não sorrir - e aí o que a gente faz? Aí a gente se arrepende das besteiras, das bobagens, não daquelas naturais, normais - porque não somos perfeitos, que os deuses nos livrem das pessoas exemplares - mas da grande bobagem de ter vivido sem perceber, sem curtir."
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