Aqui deixo a bela montagem e edição do meu texto e o poema do Gullar que podem ler aqui debaixo, pelo amigo e grande profissional Wasyl Stuparyk:
Nunca tive grande preocupação em escrever para este ou aquele público - no máximo alguma vez na minha vida escrevi para alguma pessoa em especial. Não penso muito sobre isso, simplesmente escrevo.
Sou uma pessoa. Mas,uma pessoa-mulher e o meu discurso parte dessa inegável realidade, com a qual estou bem à vontade. Parece lógico que a minha escrita, poesia ou prosa, tenha identificação com e no feminino.
Ultimamente tenho reparado mais, e a partir daí feito umas "estatísticas" - não que eu entenda do riscado, a matemática nunca foi o meu forte, mas os amigos e mesmo alguns amigos de amigos, e também definitivos desconhecidos, acabaram me ajudando com suas "curtidas e/ou comentários" - assim veio a confirmação: aproximadamente 75 % das pessoas que curte, carrega, compartilha ou comenta é mulher. E suponho que faz isso porque se identifica com o que escrevo ou com a leitura aberta do sentir expressado nos escritos. Mas há outros anseios... E outras leituras!
O que me leva a uma nova reflexão que deixo para outro dia, não temam!
Mas o que me levou a escrever isto hoje? Nada muito grave, motores da vida. Algumas questões que têm surgido, algumas perguntas, alguma incompreensão, minhas próprias dúvidas (que sim, são várias!) quanto à comunicação, estilo, idiomas, formas, e por vezes, conteúdo.
E também a pergunta cuja resposta não me deixa nunca completamente satisfeita: por quê?
A minha escrita me traduz. Ou serei eu a traduzir-me pelo que a escrita fala, ou me permite falar?
Cedo o espaço a um poeta e poema que são uma referência importante na minha vida brasileira e nas minhas profissões, Ferreira Gullar e "Traduzir-se", e cada um que leia/veja /ouça como quiser/puder, segundo suas circunstâncias!
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
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