27 sept 2015

O silêncio das paredes - L. Moncada


E falo com elas, teimosa falo,
mas nada… Somente o silêncio.

Às vezes, uma mancha disforme,
umidade, camaleônico bolor
e seu hálito, me soam resposta.

E pergunto, obstinada pergunto,
aguço o ouvido… Só o silêncio.

Por instantes, o som surdo
de passos perdidos, pegadas
sem marca, parece responder.

E velo, insone vigio,
plena de escuta e mutismo.

Um segundo passa como corredeira,
arrasa fiapos de vida.  Em seu lugar,
ausência, isolamento, medo.

E ainda assim, espero, vitimizada
espero, me odeio e espero. Em silêncio.

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