Cedo voei
atrás das vozes
da minha alma.
Curiosa e inquieta,
não houve gaveta
que não remexesse.
Catei em armários,
debaixo da cama,
em mares diversos
e terras estranhas,
na montanha e na calma
dos campos solitários
da primeira infância.
Sempre buscando
(e teimando)
debulhava letras,
desenhava signos,
farejava horizontes
de espaços alheios.
Ouvia de tudo
preces, canções,
insultos, chilreios,
ligadas antenas
silêncios internos...
Escrita, falada,
amada palavra,
sina ou escolha?
Carícia, chicote,
saudade, alegria,
ato sem partilha,
ocultas do mundo,
as vozes caladas
- palentes algozes –
deixaram-me só,
e esvaziada.
Tarde voltei
no encalço dos ecos.
Mas estou aqui
ansiosa, mais lenta,
o velho caderno,
a nova caneta
teimosia atenta
e um sem-fim de letras
pulando do peito.
2 comentarios:
Que delícia ler 'Cedo Voei'.
Beijos
Sé que en algún momento lo vas a traducir y yo lo voy a publicar en mi Blog.Seguiré esperando.Un abrazo.
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